PhD Entrevista: Rochele Zandavalli

Série Futuro Revisitado

Rochele Zandavalli é nossa nova artista aqui na PhD. Nasceu em Garibaldi, RS, e vive e trabalha em Porto Alegre. Mestra em Poéticas Visuais pelo PPGAV do Instituto de Artes da UFRGS, bolsa de pesquisa CAPES, com o projeto “Rever: retratos ressignificados”. É bacharel em Artes Visuais pelo mesmo Instituto. É também professora de Extensão do Núcleo de Fotografia da UFRGS, onde atuou como pesquisadora na área de Fotoquímica. Também atua como professora de nos cursos de Graduação Tecnológica em Fotografia e de Realização Audiovisual, na Unisinos. Já realizou exposições em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, e seu trabalho está nos principais acervos do Brasil. Esta sexta-feira (15/07), Rochele Zandavalli estará na nossa galeria, em São Paulo, para conversar com o público e apresentar seu trabalho impresso. 

Conversamos com ela sobre seu trabalho, suas referências e sobre como foi adaptar suas obras para o suporte de vestir da PhD:

 

Como a fotografia entrou na sua vida?

Eu sempre desenhei muito desde pequena então acho que minha relação com a fotografia surgiu do interesse pelo desenho e pela pintura. Eu entrei na Universidade (UFRGS) e tive contato com o Núcleo de Fotografia. Havia muito incentivo para o processo analógico. Eu trabalhei com fotoquímica por um tempo junto com grande mestre Mario Bitt Monteiro. Ele sabe tudo de fotografia analógica. Minha formação em artes visuais no Instituto de Artes e minhas pesquisas por lá durante o mestrado também foram fundamentais.

 

O Passado e o futuro sempre se encontram esteticamente em cores, técnicas e temas. O que te inspira nessas duas temporalidades?

Um dos pontos mais importantes do meu trabalho é esse. O ir e vir. A fotografia é a máquina do tempo e isso me fascina muito. A série Futuro Revisitado é uma espécie de alegoria do atravessamento temporal possibilitado pela imagem fotográfica. Como os frames projetados são de filmes que especulavam sobre o futuro, como 2001, A guerra dos mundos, Aelita, A máquina do Tempo, etc, eles evidenciam ainda mais esse anacronismo em meu trabalho. No contemporâneo caiu por terra qualquer tentativa historicista ou evolucionista de explicar as transformações ocorridas, então meu trabalho reflete isso. O discurso progressista levou a isso que estamos presenciando: tudo explodindo, poluição, miséria, fascismos, migrações. Eu tenho cada vez mais investido na coexistência entre tecnologias, técnicas, e suportes, e vejo nisso uma tentativa de ir contra a obsolescência programada e a lógica cruel da descartabilidade capitalista. Tento questionar o valor das coisas mesmo, porque acho que é um questionamento que pode surtir efeito através da arte. Esse jogo entre temporalidades está em quase todo o meu trabalho. 

 

Como foi manipular suas fotografias para criar versões 'vestíveis' para a sua série com a PhD? O que te passou pela cabeça ao criar as peças?

Nossa, estou amando. Muito ansiosa ainda para ver pessoalmente o resultado. Quando conheci o trabalho da PhD fiquei louca, quis muito participar. Os artistas que produzem com a PhD são incríveis e a qualidade da impressão é ótima. Pensei em fazer meu melhor e acho que as peças ficaram lindas. 

 

Cite 3 peças de roupa que te inspiram.

Adoro usar saias bem curtas, rsrs. Uso muito vestido estampado também e calça bem justa com cintura alta. Eu era bem retrô, mas agora busco diversas temporalidades no modo de vestir também. Acho que o mais legal do contemporâneo é criar misturas que geram possibilidades que ainda não foram pensadas.

 

Cite 3 fotógrafos que todo mundo precisa conhecer.

Ellen Rogers, Shae Detar e Telma Saraiva. Eu tenho gostado de citar mulheres fotógrafas e artistas porque agora está mais do que claro que a historia não as valorizou. A Ellen e a Shae são duas jovens lindas que fotografam hoje em dia em analógico e colorizam as fotografias a mão, como eu faço em algumas séries. Elas fotografam moda. Já a Telma, foi uma brasileira nordestina - brasileiras foram menos valorizadas ainda, historicamente falando - que tive o maior prazer em conhecer pessoalmente. Viajei sozinha até o Crato, no Ceará, só para conhecer ela e seu maravilhoso trabalho. Ela foi uma fotopintora tradicional e infelizmente morreu faz pouco. O trabalho dela é inacreditável, todo retocado e pintado a mão. Quando saí da casa dela eu chorei. 

Você pode nos enviar 5 fotos do seu atelier/mesa de trabalho/sala/carro/casa/quarto?

Rochele Zandavalli no seu atelier

Fotolivro de Rochele Zandavalli

Fotografias bordadas de Rochele Zandavalli

Rochele Zandavalli e colegas

Polaroid Rochele Zandavalli

Rochele Zandavalli Polaroid

Exposição de Rochele Zandavalli

 Fotografias enviadas pela própria Rochele Zandavalli.

Veja toda as Fotografias para Vestir de Rochele Zandavalli aqui.

Mais Posts do Mesmo Tema

Comente