
Conhecemos Almandrade em 2015 e desde então uma longa jornada para reinterpretar seu trabalho para o nosso suporte para vestir. Como vestir a poesia? Como passar pela roupa os símbolos que a poesia visual apresenta? E o mais importante, como apresentar um artista com uma sólida carreira no campo das artes visuais A solução encontrada para esta primeira série foi mesclar o trabalho do início da carreira de Almandrade com as obras mais atuais. Desta maneira, o público se familiariza com suas poesias semióticas da década de 1970 e as pinturas da década de 2010.
Leia abaixo nossas 5 perguntas para Almandrade:
Quando/Como/Onde você iniciou a sua carreira artística? Nos primeiros anos, quem foi sua principal referência? Quem lhe inspirou?
Iniciei meu percurso em Salvador, entre 1971 e 1972, era estudante de colégio do “Colégio Central”. Comecei com poesia, depois cheguei aos primeiros ensaios de pintura figurativa, descobri a Poesia Concreta, Poema / Processo. Entrei na escola de arquitetura. Concretismo, Neo-concretismo, Arte Conceitual. A partir dessas referências defini uma trajetória, entre diversos suportes: poesia, poesia visual, desenho, escultura, objeto, pintura, instalação, dentro de um mesmo princípio.
Rótulo pra garrafa de cerveja - 1979
Suas obras possuem dimensões estéticas de uma obra de arte ‘tradicional’ (canvas amplo, quadrado ou retângulo com as obras posicionadas sobre a área). Além disso você expõe com frequência em galerias de arte, como a Baró em São Paulo. Você acredita que há um limite entre a poesia visual e uma obra de arte ou as duas estão intrinsecamente conectadas?
Atualmente os limites foram suspensos. A poesia visual é do domínio das artes visuais sem perder a herança literária.

Na sua visão como pioneiro e alto representante da poesia visual no Brasil e no mundo, como você enxerga o ‘status’ stual da poesia visual contemporânea?
Nos últimos anos a poesia visual brasileira vem ganhado destaque no mercado de arte, e vem se incorporando em acervos de museus importantes e de colecionadores particulares. As galerias de arte têm realizado com certa freqüência exposições de poesia visual. Até alguns anos atrás a poesia visual circulava em publicações e espaços alternativos ao lado da Arte Postal, hoje ela ocupa um lugar de destaque na arte contemporânea, como também a arte Postal.
Quem são seus poetas contemporâneos (visuais ou não) favoritos?
Meus poetas favoritos, são os que considero para a minha formação, entre eles: Lautréamont, Rainer Maria Rilke, Oswald Andrade, Arthur Rimbaud, Konstantínos Kaváfis, João Cabral de Mello Neto, Fernando Pessoa, E. E. Cummings, Stephane Mallarmé, Jorge Luis Borges, Décio Pignatari, Wlademir Dias-Pino, Augusto de Campos, Joan Brossa ...



A PhD trabalhou diretamente contigo no processo de aplicar a sua obra nos nossos suportes. Como foi para ti reinterpretar seu trabalho no suporte para vestir?
Um trabalho em outro suporte é sempre uma surpresa. Gostei de ver meus trabalhos na vestimenta, é uma forma de enfrentar os seus significados, explicitando outras leituras que enriquecem a arte e o espectador. A roupa não só protege é um suporte de informação. Valeu a idéia.
Vestido Balloon "SOL" - feito a partir de ideogramas do livro de artista de mesmo título de Almandrade. Veja mais na página do produto
Maiô "Um Ensaio sobre a Pintura" de Almandrade (2009).
Conheça mais sobre esta peça aqui.
Lenço "A Obra e o Sentido" de Almandrade. Para criar este lenço-bandeira, nós invertemos as cores da obra. A original possui o fundo branco.
Fotos enviadas pelo próprio Almandrade ou retiradas da página do Facebook do artista.
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